A nova vida dos hostels: lotação limitada, distanciamento e selos “Clean & Safe”
A NiT falou com o vice-presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, com o pelouro dos Hostels, sobre as mudanças na pandemia.
Com a chegada da pandemia do novo coronavírus à Europa, em março, fecharam-se fronteiras, cancelaram-se viagens, e muitas estadias. O setor do turismo foi automaticamente o primeiro a ser afetado e a ver todas as suas atividades encerradas.
Desde maio, vários hotéis têm reaberto, lentamente, com uma acentuada perda na procura, sobretudo pela quebra do turismo estrangeiro. Estes são tempos de reinvenção e de tomada de novas medidas, pela segurança dos funcionários, dos hóspedes, e pela saúde pública.
O Turismo de Portugal implementou a certificação “Clean & Safe”, atribuída a alojamentos, serviços turísticos, e até destinos. O selo, inédito, comprova que todas as medidas de prevenção estão a ser implementadas, numa forma de transmitir segurança a todos os clientes.
O mesmo se passa com os hostels. A certificação aplica-se também a este setor da hotelaria que, por hábito, tem mais espaços comuns e partilhados. “O setor dos hostels parte da mesma base de medidas de segurança que o dos hotéis. Estamos a implementar as medidas de prevenção recomendadas pela Direção-Geral da Saúde e a obter os certificados ‘Clean & Safe’. Vários espaços têm até considerado pertinente aplicar ainda mais medidas não obrigatórias”, explica à NiT Bernardo d’Eça Leal, vice-presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), com o pelouro dos Hostels.
“Muitas das medidas agora necessárias devido à pandemia, como a redução da capacidade dos dormitórios, estava até pensada muito antes do surto. Portugal é conhecido mundialmente pela qualidade dos seus hostels, é comum novos grupos virem estudar o nosso mercado antes de começarem e, criar dormitórios com menos ocupação é algo que já estava pensado. A pandemia veio apenas acelerar este processo”, indica o vice-presidente, que é também o fundador do grupo de hospitalidade The Independente Collective.
No caso deste grupo, a capacidade dos dormitórios será reduzida e passará a ter 60 por cento. As fechaduras eletrónicas das portas dos quartos estão a ser melhoradas, e as casas de banho a serem divididas pelos dormitórios, para uma menor ocupação. Além disso, os hóspedes vão passar a realizar o seu check-in de forma online, ou através de quiosques digitais que se encontram junto da receção.
Também os pequenos-almoços serão servidos em formato grab and go, ou seja, a refeição estará embalada de forma individual e prática para levar. Assim, os hóspedes poderão tomar o pequeno-almoço em andamento, enquanto exploram os locais de visita, nas esplanadas do hostel ou até mesmo no quarto.
“Os hostels vão agora, mais do que nunca, privilegiar os espaços exteriores, o que em Portugal é fácil. pelo clima que temos. Além disso, todos terão de utilizar máscara nos espaços comuns e ao reduzir a capacidade das camaratas podemos ter, por exemplo, um grupo de amigos a utilizar apenas um dormitório e uma casa de banho, sem outras pessoas”, realça.
Quanto às medidas legais, o distanciamento de dois metros aplica-se. A redução da capacidade terá de ser implementada em todos os hostels, mas não é fixa — tudo depende do tamanho de cada espaço e da sua lotação. No caso das cozinhas comunitárias, por exemplo, estas unidades hoteleiras terão de aplicar horários e turnos.
Cada hóspede deverá reservar a cozinha para determinados períodos previamente estipulados, tudo para evitar grandes aglomerados. De acordo com o vice-presidente da AHP, já existem várias reservas para este verão, sobretudo de visitantes portugueses. Porém, é esperada uma acentuada quebra, quando comparado com anos anteriores, o que por si só já irá representar também uma menor lotação dos espaços.
in NiT, po Sofia Robert