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Receitas do turismo estão 14% acima das do pré-pandemia

Os resultados até agora obtidos são animadores, contudo a crescente subida dos preços traz alguma apreensão

Para o sector do turismo, este ano decorreu de forma positiva, se for apenas levado em consideração o levantamento das restrições relacionadas com a pandemia, defende Cristina Siza Vieira. Para a vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal, essa nova realidade permitiu recuperar a confiança e o posicionamento do destino Portugal no “top of mind” dos viajantes.

Em entrevista ao Jornal Económico, explicou ainda que, e simultaneamente, no que diz respeito às receitas turísticas, até setembro, “já estamos 14% acima dos resultados de 2019”. Há no entanto outros número que provocam apreensão, e esses estão relacionados com o impacto da inflação e da guerra na Europa. “A pandemia e depois a guerra na Ucrânia trouxeram um grau de incerteza na construção da cadeia de valor do turismo, que não nos permite dizer qual o nível de resultados que teremos em 2022”, realçou a dirigente da Associação da Hotelaria de Portugal. O actual contexto contribuiu assim decisivamente para que o número de dormidas e hóspedes tenha ficado àquem dos resultados do período pré-pandémico.

A inflação preocupa
A escalada da inflação tornou-se ameaçadora e começa a preocupar verdadeiramente porque “terá impacto no consumo”, reconheceu Cristina Siza Vieira . A vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal lembra que o mercado interno cresceu muito durante a pandemia, no entanto “não há certezas que as pessoas não se vão retrair”, até porque já não têm a mesma “almofada” financeira, que tiveram num passado recente, e que resultou do confinamento imposto pela covid. Para agravar o cenário, a inflação está muito longe de estar controlada. Quanto aos mercados internacionais, a Alemanha e o Reino Unido abraçam também situações complexas internamente. “2023 está por isso embrulhado em algumas incógnitas”, acrescentou ainda a dirigente associativa.

Para lá da inflação, “há outras nuvens no horizonte como os transportes aéreos e as condicionantes no espaço aéreo europeu”. Desde já, antevêem-se tempos agitados até ao final do ano, acredita Cristina Siza Vieira, com a supressão de vários voos da TAP, provocada pelas greves entretanto confirmadas. Ainda assim, e de acordo com a dirigente da Associação da Hotelaria de Portugal, 2023 promete ser o ano da “confirmação da retoma clara e eventual crescimento da receita turística para Portugal”, com o crescimento de mercados “muitos interessantes”, como o mercado norte americano. Ainda assim o actual contexto não permite alimentar grandes expectativas. A perspetiva mantém-se incerta, “em razão mais uma vez dos cenários macroeconómicos e geopolíticos”, sublinhou a vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal. Cristina Siza Vieira realça que o aumento generalizado de custos já se vai sentindo um pouco por todo o lado. Não se referindo apenas às despesas relacionadas com a energia (eletricidade e gás), mas também com os custos despendidos com a própria mão de obra, ainda os preços de toda a cadeia alimentar e das diversas prestações de serviços. “A escassez de recursos humanos é sem dúvida um dos maiores desafios pelo impacto que tem na prestação de serviços e na possibilidade de crescer em valor”, salientou Cristina Siza Vieira, acrescentando ainda à lista o “arrastar da decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa e das urgentes obras na Portela”.

in Jornal Económico, por Nuno Braga

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