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“Não há turistificação em Lisboa”

A afirmação é de Vítor Costa, presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa e director-geral da Associação de Turismo de Lisboa (ATL), um dos oradores do 30º Congresso Nacional da AHP, em Lisboa. 
 
 
 
Com a intervenção anterior ao painel “Tensões, Conflitos e Oportunidades nas Áreas Metropolitanas”, onde foram debatidos temas como turistificação, gentrificação, capacidade de carga e cidades HUB, Vítor Costa aproveitou para referir que ““alguns destes temas têm sido utilizados pelos detractores do Turismo como verdadeiras armas de arremesso”, e que já começou a causar danos na reputação de Lisboa, nomeadamente nos mercados internacionais, onde se inclui o poder político e que se reflecte em decisões legislativas. 
 
Para o presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa o importante é afirmar que “não existe um problema de turistificação” na capital portuguesa, sendo que a “capacidade de carga da região está muito longe de se esgotar e a gentrificação dos centros históricos já vem de décadas”, com os transportes públicos a sofrerem de um alto défice de prioridade, de coordenação, investimento e má gestão. Mais. Se o turismo desaparecer isso não significa a resolução destes problemas. Pelo contrário. “Agravam-se”. 
 
Para quem afirma que Lisboa tem mais turistas que residentes e mais carga que Barcelona ou Amesterdão, Vítor Costa contrapõe dizendo que esses “estudos” deverão sim considerar a área metropolitana de Lisboa. E, nesse caso, verificarão que a população de Lisboa tem diminuído ao longo de décadas e que o turista tende a permanecer em Lisboa cinco dias (em média) – versus a permanência dos residentes. 
 
“A nossa região tem 2,8 milhões de habitantes e recebeu 6,8 milhões de hóspedes em 2016. Ou seja, um rácio de 2,2 hóspedes por habitante”. Isto significa que a região recebeu em média “140 mil hóspedes por dia, o que representa uma utilização média diária do território de 1,4%”. Número muito abaixo dos 2,3% da grande Londres; ou mesmo dos 3,5% referentes a Barcelona e Praga e 4,3% em Amesterdão e “já nem falo em Veneza”. 
 
Vítor Costa não considera que, mesmo acrescentando a este número os referentes ao Alojamento isso seja considerado um problema – face aos 2,8 milhões de habitantes. 
 
O responsável caracteriza a região como detentora de “recursos turísticos extraordinários, uma marca extremamente forte e, simultaneamente, por ter uma distribuição não uniforme do turismo”. E refere que, enquanto o município de Lisboa tem cerca de 70% de actividade há outros que não têm qualquer oferta hoteleira. Isto, para Vítor Costa, pode levar a duas estratégias. Uma, na linha de que ““Lisboa seca tudo à volta” poderá desviar-se o turismo da cidade para outros destinos – numa perspectiva de “Robin dos Bosques”. A alternativa será a de aproveitar atractividade da marca Lisboa, estratégia seguida nos últimos cinco anos e que já mostra resultados positivos. Sendo que agora existem melhores condições para lhe dar uma melhor continuidade. É o caso do Aeroporto do Montijo e as melhorias no Aeroporto Humberto Delgado, “sem os quais não só estagnaremos, mas entraremos em crise”, dado que “não teremos capacidade de assegurar o crescimento da procura para fazer face ao aumento da oferta”. Sem esquecer a melhoria dos transportes públicos, sem a qual “não é possível assegurar a mobilidade turística interna na região”. O responsável concluiu a sua apresentação afirmando que “sem oferta não vale a pena estimular a procura. Sem alojamento e sem outros serviços não há Turismo”. 
 

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