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Lisboa e Barcelona: A evolução económica e hoteleira

A AHP

De janeiro a agosto de 2017, Barcelona ultrapassou já os vinte e dois milhões de dormidas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística de Espanha, com um crescimento de 6% face ao período homólogo. Junto ao Atlântico, Lisboa excede os nove milhões de dormidas, com um crescimento de 9% face a idêntico período de 2016, e revela alterações no comportamento dos seus principais mercados emissores: França e Espanha decrescem -4,9% e -6,4%, respectivamente, perdendo quota de mercado, enquanto o Brasil e os EUA crescem 51,3% e 32,5%, respectivamente.  
 
Apesar das evidentes diferenças de dimensão entre mercado interno espanhol e português, facto é que em cada uma das cidades, Barcelona e Lisboa, o mercado interno não ultrapassa a quota de 20% das dormidas. Ambas se assumem como cosmopolitas urbes, com história e encantos particulares, com posições diferenciadas no pódio das rotas do turismo internacional, mas alvo da crescente atenção por parte do mercado externo.  
 
A última década tem sido um desafio constante para a economia de Lisboa, com consideráveis flutuações no PIB e no emprego. A recuperação iniciou-se em 2015, permitindo que em 2016 o PIB da capital portuguesa crescesse 1,5%, acompanhado por uma subida de 1,9% no emprego. Mas será neste ano de 2017 que o PIB de Lisboa irá alcançar o valor mais alto dos últimos dez anos, crescendo 2,8%, segundo as previsões da Oxford Economics, impulsionado pelo investimento externo e pelas exportações. Barcelona é a 20a cidade mais visitada do mundo por turistas internacionais e a 5a cidade mais visitada da Europa depois de Londres, Paris, Istambul e Roma, segundo o European Cities Marketing Benchmarking em 2016, segunda maior cidade de Espanha e apresenta uma economia muito diversificada: além de um sector de serviços proeminente, detém uma grande base industrial que é, porém, na sua maioria, de baixo valor acrescentado - como a indústria alimentar, têxtil, metalúrgica e de produtos químicos - a qual contrasta com a reduzida quota da indústria automóvel, de maior valor acrescentado, que integra empresas como SEAT e Nissan.  
 
Em 2016, o PIB de Barcelona cresceu 3,4% acompanhado por um forte incremento do emprego de 2,9%, e as estimativas de fecho do ano de 2017 apontam para um crescimento de 2,9% do PIB, alavancado, à semelhança da cidade de Lisboa, pelas exportações e pelo investimento externo, mas também interno.  
 
De facto, Barcelona beneficia do aumento da competitividade da economia espanhola e da recuperação do comércio global, prevendo-se o contínuo crescimento do emprego a uma taxa de 2,5%, permitindo baixar em 2 p.p. a taxa de desemprego de 2017, a qual se estima em 13,5%, valor abaixo da média de Espanha. [Nesta análise e perspectiva não são consideradas as recentes convulsões políticas e seus impactos sociais e financeiros que a Catalunha está a atravessar desde 1 de Outubro, pelo que os dados avançados pela autoridade estatística espanhola se fundam num cenário de business as usual.]  
 
Em Lisboa, o mercado de trabalho manterá o seu impulso positivo e calcula-se que o emprego na cidade aumente 2,7% em 2017, enquanto a taxa de desemprego cairá 2 p.p., fixando-se nos 12% - valor acima da média do país e igualmente elevado face a outras capitais europeias.  
 
Ainda assim, as previsões para a economia da cidade de Lisboa nos próximos cinco anos apontam um crescimento médio anual de 1,9%, abaixo de Barcelona, cuja estimativa é de 2,2%, e de outras cidades da Europa, reflectindo um baixo desempenho do tecido económico, consequência do crescimento lento do capital, ganhos de produtividade limitados e escassez de mão-de-obra, factor crítico para a manutenção do crescimento do sector turístico e hoteleiro de Lisboa.  
 
Os sectores do comércio, transporte e logística, impulsionados pela liderança do sector do turismo, de forte e de elevada projeção externa, e apoiados pelo sector dos serviços empresariais, contribuirão para o crescimento de Lisboa. A Hotelaria em números  
 
Em 2016, Lisboa contava com 391 estabelecimentos hoteleiros, os quais detinham, em média, 61 quartos e uma capacidade de 132 camas. A oferta hoteleira de Barcelona consistia num total de 673 estabelecimentos hoteleiros, com uma média de 59 quartos e 117 camas por hotel.  
 
Desde o período de crise que tanto Barcelona como Lisboa têm vindo a observar um crescimento na taxa de ocupação, em particular, nos últimos três anos.  
 
Porém, em ambas as cidades, o crescimento em preço somente se torna evidente a partir de 2016 - Lisboa a crescer 10% no RevPAR, ficando-se este em 72€, enquanto Barcelona se afigura com um crescimento de 22%, finalizando o ano de 2016 com 114€ de RevPAR. As expectativas de encerramento deste ano de 2017 para Lisboa correspondem a um aumento de 14% no ARR e de 20% no RevPAR e Barcelona? Resistirá às quebras de 20% que desde Outubro têm assolado a operação hoteleira? Ou será Barcelona um destino turístico à prova de terrorismo, instabilidade política e "turismofobia"?.  
 

in Publituris Hotelaria, por Maria João Martins

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