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Consórcios e alianças precisam-se

Hotéis nacionais devem unir esforços para ganhar escala, mas não necessariamente através de fusões

O apelo foi claro. "Sejamos realistas: nunca como hoje foi premente procurar parcerias e alianças", advertiu Luís Veiga, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), no congresso que esta associação promoveu em Albufeira, a 21 e 22 de outubro. Com a maioria dos hotéis a funcionar de forma isolada e a lutar por encher as camas (no Algarve, as taxas médias de ocupação estão abaixo de 40%), trabalhar em conjunto é a nova palavra de ordem.

Os casos de alianças entre hotéis nacionais são ainda raros, mas os resultados são animadores. A fusão entre os grupos Lágrimas e Alexandre de Almeida já gerou economias de meio milhão de euros em custos de operação, a par de aumentos de vendas da ordem dos 10%, segundo Miguel Júdice, presidente do grupo Lágrimas.

Jorge Armindo, presidente da Amorim Turismo, também está satisfeito com a parceria comercial firmada com os hotéis Altis. "É uma boa forma de progredir numa conjuntura que não é favorável ao crescimento orgânico", defende. "Temos de encontrar formas de trabalhar em rede para ganhar massa crítica. O nosso maior grupo hoteleiro não tem mais de 4% do total de camas".

Emblemática, é a fusão comercial entre cinco hotéis de família em Fátima (Coração de Fátima, Cruz Alta, Estrela de Fátima, Regina e Luna Fátima), que passaram a funcionar com uma central de reservas comum e sob a marca Fátima Hotels, apesar de se manterem independentes, "Este ano já fizemos dez ações internacionais, fomos ao Brasil, Colômbia, EUA ou Polónia. Era impossível hotéis de dimensão tão pequena conseguirem fazer este tipo de promoção", adianta Alexandre Marto Pereira, presidente do grupo Fátima Hotels, enfatizando a maior projeção da marca comum junto aos operadores turísticos. "Alguns operadores nem nos receberiam se os hotéis aparecessem isoladamente", faz notar.

Criar uma marca única para promover todos os hotéis nacionais, foi o repto que André Jordan lançou no congresso da AHP. "Devíamos ter um consórcio, com o nome Portugal Hotels Alive, para aparecer no mercado externo em conjunto", propôs o empresário, desafiando os hoteleiros a "pensar em coordenação para racionalizar custos, consórcios de marketing e de gestão, que não implica necessariamente fusão das empresas".

A "atomização" do tecido turístico, face ao "peso que tem na economia e o que se espera vir a crescer", foi destacado por Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo. "È importante que, no objetivo de ganhar escala, o sector se independentize do poder político", sustentou.

Prevendo-se que "que o turismo continue a crescer, apesar das dificuldades orçamentais", Mesquita Nunes frisou que "o sector deve encontrar formas de trabalhar em rede, sem depender do Orçamento do Estado".

in Expresso, por Conceição Antunes

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